O ANJO
DE PORTUGAL
O Anjo de Portugal, embaixador da Rainha do
Céu
As
aparições de Nossa Senhora em Fátima foram precedidas por três visões que Lúcia,
Francisco e Jacinta tiveram do Anjo de Portugal, ou da Paz. Por meio dos
colóquios com o Anjo, a Providência predispunha as crianças para o momento em
que Nossa Senhora lhes falaria.
Primeira aparição do Anjo
As
aparições do Anjo ocorreram entre abril e outubro de 1915, em uma colina
próxima da Cova da Iria, denominada Cabeço. Algumas manifestações sobrenaturais
antecederam a aparição do Anjo. Lúcia, e mais três outras meninas, viram pairar
sobre o arvoredo do vale, uma espécie de nuvem alvíssima com forma humana, “uma
figura, como se fosse uma estátua de neve, que os raios do sol tornavam ainda
mais transparente”, segundo as palavras de Lúcia. Em dias diferentes, esta
aparição se repetiu duas vezes.
Foi
na Loca do Cabeço, onde, um dia de primavera de 1916, que o Anjo apareceu
claramente pela primeira vez.
Depois
de rezar, as crianças estavam brincando quando um forte vento sacudiu as
árvores. Elas vêem, então, caminhando sobre o olival em sua direção, um jovem
resplandecente e de grande beleza, aparentando ter 15 anos, de uma consistência
e um brilho como o do cristal atravessado pelos raios do sol. A Irmã Lúcia
assim conta o que se seguiu:
“Ao chegar junto de nós, disse:
-
Não temais! Sou o Anjo da Paz, disse:
E,
ajoelhando em terra, curvou a fronte até o chão e fez-nos repetir três vezes
estas palavras:
- Meu Deus! Eu creio,
adoro, espero e amo-Vos! Peço-Vos perdão para os que não crêem, não adoram, não
esperam e Vos não amam.
Depois,
erguendo-se, disse:
-
Orai assim. Os Corações de Jesus e Maria estão atentos à voz das vossas
súplicas.
E
desapareceu.
A
atmosfera de sobrenatural que nos envolveu era tão intensa que quase não nos
dávamos conta da própria existência por um grande espaço de tempo, permanecendo
na posição em que nos tinha deixado, repetindo sempre a mesma oração. A
presença de Deus sentia-se tão intensa e íntima que nem mesmo entre nós nos
atrevíamos a falar. No dia seguinte, sentíamos o espírito ainda envolvido por
essa atmosfera que só muito lentamente foi desaparecendo”.
Segunda aparição do Anjo
No
verão de 1916, quando os três pastorinhos brincavam no terreiro da casa dos
pais de Lúcia, aparece-lhes novamente o Anjo. Ele lhes diz, segundo a narração
da Irmã Lúcia:
“- Que fazeis? Orai! Orai muito!
Os Corações Santíssimos de Jesus e Maria têm sobre vós desígnios de
misericórdia. Oferecei constantemente ao Altíssimo orações e sacrifícios.
-
Como nos havemos de sacrificar? – perguntei.
-
De tudo o que puderdes, oferecei a Deus sacrifício, em ato de reparação pelos
pecados com que Ele é ofendido, e súplica pela conversão dos pecadores. Atraí
assim sobre a vossa pátria a paz. Eu sou o Anjo da sua guarda, o Anjo de
Portugal. Sobretudo, aceitai e suportai com submissão o sofrimento que o Senhor
vos enviar”.
Terceira aparição do Anjo
No
fim do verão ou princípio do outono do mesmo ano, novamente na Loca do Cabeço,
deu-se a última aparição do Anjo, descrita pela Irmã Lúcia nos seguintes
termos:
“Depois de termos merendado,
combinamos ir rezar na gruta, que ficava do outro lado do monte. [...] Logo que
aí chegamos, de joelhos, com os rostos em terra, começamos a repetir a oração
do Anjo: Meu Deus! Eu creio, adoro, espero e amo-Vos! Etc. Não sei quantas
vezes tínhamos repetido esta oração, quando vemos que sobre nós brilha uma luz
desconhecida. Erguemo-nos para ver o que se passava, e vemos o Anjo tendo na
mão esquerda um cálice, sobre o qual está suspensa uma Hóstia, da qual caem
algumas gotas de Sangue dentro do cálice. Deixando o cálice e a Hóstia suspensos
no ar, o Anjo prostrou-se em terra junto às crianças e fê-las repetir três
vezes a oração:
Santíssima Trindade, Pai, Filho, Espírito Santo,
ofereço-Vos o Preciosíssimo Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Jesus Cristo,
presente em todos os sacrários da Terra, em reparação dos ultrajes, sacrilégios
e indiferenças com que Ele mesmo é ofendido. E pelos méritos infinitos de seu
Santíssimo Coração [de Jesus] e do Coração Imaculado de Maria, peço-Vos a
conversão dos pobres pecadores.
Depois,
levantando-se, deu a Hóstia a Lúcia, e o cálice, deu-o a beber a Francisco e
Jacinta, dizendo:
- Tomai e bebei o Corpo e o
Sangue de Jesus Cristo, horrivelmente ultrajado pelos homens ingratos! Reparai
os seus crimes e consolai o vosso Deus.
As
palavras do Anjo produziram profunda impressão nas três crianças, as quais, a
partir de então, começaram a expiar pelos pecadores por meio de sacrifícios e
de uma assídua vida de oração.
E
prostrando-se de novo em terra, repetiu conosco outras três vezes a mesma
oração: ‘Santíssima Trindade… etc.’ e desapareceu.
Nós
permanecemos na mesma atitude, repetindo sempre as mesmas palavras; e quando
nos erguemos, vimos que era noite e, por isso, horas de virmos para casa.”
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